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Março Roxo: mês de conscientização sobre a epilepsia

Atualizado: 22 de mar. de 2023

Por Laura Marcello


Dia 26 de Março é considerado o "Dia Roxo" (Crédito: Guia da Farmácia).

O mês de março é destinado à campanha de conscientização sobre a epilepsia. Intitulada "Março Roxo", ela tem como objetivo também a mobilização contra o preconceito da doença e distribui informações básicas sobre a epilepsia.


A iniciativa acontece desde de 2008, quando a canadense Cassidy Megan, ainda criança na época, relatou seu sentimento de exclusão pela doença. Desde então, todo ano, no dia 26 de março, o "Dia Roxo" convida a sociedade a conhecer mais sobre a epilepsia. Com o apoio da Associação de Epilepsia da Nova Escócia (EANS), a cor roxa foi escolhida pela analogia com as lavandas, relacionadas à solidão. Sentimento retratado pela Cassidy.


No Brasil, a embaixadora da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) é Ketlen Wiggers, jogadora do Santos. A atleta é a maior artilheira da história das Sereias da Vila, uma das figuras mais importantes do futebol feminino do clube. A atacante conta que foi preciso adaptar a rotina no clube, mas se sente recompensada pela representatividade.


"Quando recebi o convite, fiquei feliz e honrada de poder ajudar pessoas que passam ou passaram por tudo o que eu passei. É muito importante para mim poder ajudar da forma que puder ajudar, sendo referência no futebol como uma das únicas atletas a poder falar da doença. Fico extremamente feliz por fazer parte da Associação", revela Ketlen.


Ketlen Wiggers é a embaixadora da Associação Brasileira de Epilepsia (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)


"A luta diária, no começo, foi muito difícil. Entrar na rotina, os remédios que preciso tomar todos os dias (de manhã e à noite). Tenho uma rotina de sono, preciso dormir oito horas por dia e também evito alguns lugares que sei que podem me dar dor de cabeça ou me deixar mal. Como lugares públicos ou com luzes que piscam frequentemente. Me cuido diariamente. O Santos oferece acompanhamento. Eles sabem da rotina que tenho e marcam os exames anuais", completa.


Afinal, o que é a epilepsia? O médico clínico geral Dalmo Ribeiro explica que a doença nada mais é do que uma falha na condução dos impulsos elétricos no cérebro. Por isso, é fundamental saber reconhecer uma crise.


"O cérebro funciona como uma rede elétrica coordenada, na qual os neurônios conduzem um impulso elétrico para estimular cada área específica do cérebro a fim de ativar uma função específica, seja ela uma lembrança, um movimento, uma sensação, etc. A epilepsia é uma doença que ocorre por uma falha nesse sistema condutor, gerando um estímulo elétrico defeituoso, como um curto-circuito. Existem diversas formas de epilepsia, sendo as duas principais: focais e generalizadas. A última e mais famosa é a que a pessoa geralmente desmaia e tem movimentos de contração e relaxamento da musculatura do corpo todo, por um período de minutos. Cai no chão e fica balançando", esclarece.


O profissional ressalta a importância da busca por um atendimento especializado e lamenta a falta de divulgação das informações sobre a epilepsia.


"A melhor forma de conscientizar a população é deixando claro que não se trata de uma doença transmissível e, que durante uma crise generalizada, não deve ser colocado nada na boca do paciente, nem tentar conter essa pessoa. Apenas proteger a cabeça e o corpo para que ela não se machuque durante a crise. Caso comece a vomitar ou babar, virar a cabeça do paciente de lado para dificultar que as secreções sejam aspiradas para o pulmão. E, claro, sempre pedir ajuda ao SAMU, pelo 192, para que seja realizado o atendimento especializado".


"No caso das crises focais, a maior parte delas será imperceptível. Apesar de ser uma doença mais conhecida atualmente, ainda há pouca informação para a população. Muitas pessoas possuem o problema e não estão sendo tratadas, colocando a vida delas e de outras em risco, uma vez que durante as crises há uma incapacidade momentânea física e/ou mental", reforça.


Dalmo Ribeiro atuou como médico na marinha (Crédito: Arquivo Pessoal)


Dalmo, inclusive, lida com a doença e descobriu justamente enquanto cursava Medicina. Ele também precisou adaptar a rotina e fez questão de conversar com familiares e amigos para que todos soubessem da epilepsia.


"Descobri que tinha a doença durante o quarto ano da faculdade de Medicina, durante uma aula sobre o assunto. As crises epiléticas focais, que são as mais comuns, podem gerar sintomas muito diferentes e complexos, dificultando muito o entendimento sobre a doença e o diagnóstico. Minha rotina mudou bastante após a epilepsia. Fiquei muito mais receoso de me expor a certas atividades do meu dia a dia, como dirigir e surfar. Uma crise convulsiva durante algumas atividades pode gerar muitas consequências para mim e para os outros. Com o tempo, vamos nos acostumando com os sinais que o corpo nos dá antes das crises, as famosas 'auras'".


"O mais importante é sempre avisar pessoas do seu convívio social sobre a doença e como proceder caso uma crise ocorra. Além disso, evitar privação de sono, excesso de álcool, situações de estresse ou atividades físicas muito intensas que podem desencadear as crises. Com tratamento adequado, os pacientes epiléticos mantém uma vida normal, desempenhando suas atividades diárias sem alteração. Qualquer dúvida é sempre importante procurar a opinião de um profissional, de preferência um neurologista", revela o médico.


O centro-oeste paulista conta com referências na saúde: Unesp Botucatu, Hospital Estadual e de base em Bauru, Hospital "Casa Pia São Vicente de Paulo" em São Manuel, Santa Casa de Avaré e de Pirajuí. Além de clinicas particulares de neurologistas no interior.

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Este produto foi desenvolvido pelos alunos Alexandre Santos, Ana Paula Rodrigues, Camila Correa, Isabela Tesser, Gabriela de Ângelo e Laura Marcello.

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